sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Cana de açúcar sem moer




Clima fará sobrar cana 


ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO

O setor canavieiro vive um momento de produtividade abaixo das expectativas do mercado e, mesmo assim, deve sobrar cana-de-açúcar sem moer nos canaviais neste ano.

A razão é climática, segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-açúcar), e o resultado é "péssimo" para toda cadeia produtiva que sobrevive da cana --do produtor rural às fábricas de máquinas para usinas.

Atualmente, a safra total prevista para a temporada 2012/13 é de 555 milhões de toneladas no centro-sul do país, ou seja, 85 milhões de toneladas a menos que a capacidade de moagem instalada nas usinas (640 milhões de toneladas).

Até a primeira quinzena de agosto a colheita de cana estava atrasada em cerca de 37,69 milhões de toneladas em comparação com o mesmo período do ano passado.

Edson Silva - 6.jun.12/Folhapress
Trabalhador rural corta cana-de-açúcar em lavoura próxima a Guariba, na região de Ribeirão Preto
Trabalhador rural corta cana-de-açúcar em lavoura próxima a Guariba, na região de Ribeirão Preto

A quantidade moída somou 261,1 milhões de toneladas desde o início da safra até 15 de agosto. Em 2011, a colheita já havia chegado a 298,79 milhões de toneladas.

Se o ritmo da moagem não for recuperado, o prejuízo até o encerramento da temporada seria próximo dos R$ 2 bilhões em cana, segundo a entidade das usinas.

O representante da Unica na região de Ribeirão Preto, Sérgio Prado, afirma que a situação é "quase uma contradição". "Se falta cana para moer e abastecer um mercado que já existe, como pode sobrar cana em pé?."

Ele afirmou que a explicação está na variação climática. No início da safra, muitas usinas deixaram para começar a colher mais tarde porque a estiagem já prejudicava a qualidade da cana.

Quando a planta estava boa para ser colhida, entre o final do primeiro semestre e o início do segundo, as chuvas impediram o corte.

"Não se trata de incompetência do setor para colher o que é plantado. Mas simplesmente não dá para se ignorar o clima. O clima é um dos senhores da agricultura", disse o representante da Unica.

SOBRA MENOR

Com a estiagem que já dura mais de um mês, as usinas estão tentando tirar o atraso para reduzir a quantidade de sobra de cana nas lavouras.

"[O excedente] Deve ser menor [que os 37,69 milhões de toneladas atuais] porque as usinas vão acelerar a colheita", afirmou Prado.

O presidente da Datagro, Plinio Nastari, minimizou o impacto para o setor: "A cana que não é colhida agora será usada no início da safra do ano que vem".
NO BOLSO
A menor quantidade de cana-de-açúcar para moagem nas usinas representa menos matéria-prima para a produção do etanol, o que influencia no preço dos combustíveis na bomba, para o consumidor.

Até o valor da gasolina pode ter variações, já que ela recebe uma mistura de 20% de álcool em sua composição.


Fonte: Folha de S. Paulo

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Dilma cobra explicações sobre...




 ... acordo na MP do Código Florestal

Em nota, Ideli Salvatti diz que votação "não teve aval ou concordância" do governo.




Dilma Rousseff lê os bilhetes trocados com as ministras Ideli Salvatti e Izabella Teixeira sobre Cóodigo FlorestalJOSÉ PEDRO MONTEIRO / O GLOBO
BRASÍLIA - Na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), nesta quinta-feira, a presidente Dilma Rousseff deixou claro que não gostou de ler nos jornais sobre o acordo para votação do Código Florestal, na comissão especial do Congresso.

Em um bilhete, Dilma cobrou explicações das ministras Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Izabella Teixeira (Meio Ambiente), sobre o acordo que mudou a medida provisória do governo. Depois, ela disse que não se responsabiliza por negociações das quais não participa.

- Nós enviamos ao Congresso um Código Florestal acrescido de uma medida provisória. O governo considera importante alguns itens dessa medida provisória, entre eles, o que nós chamamos de escadinha e também não vê motivos, não há motivos econômicos para que nós não mantenhamos as áreas de proteção ambiental ao longo do leito dos rios, sejam eles perenes ou não. 

O governo está aberto a negociações, mas não assume responsabilidade por negociações que não foram feitas com a presença dele. A gente, inclusive, gostaria de discutir, mas não assumimos responsabilidade por aquilo que não é discutido conosco - disse Dilma.

No bilhete, a presidente cobrou: Porque (a presidenta não é forte mesmo na língua portuguesa, pois grafou  "porque" quando a gramática manda grafar "por que"...) os jornais hoje estão dizendo que houve um acordo no Congresso sobre o Código Florestal, se eu não sei de nada?

A resposta: "Não houve acordo com o governo. A posição do governo era de defesa da MP, com foco especial na escadinha. O relatório votado (do relator) manteve a escadinha. Houve votação sobre rios".

Após a reunião, a Secretaria de Relações Institucionais disse, em nota, que a votação do Código Florestal na Comissão Especial do Congresso "não teve aval ou concordância" do governo. Segundo a nota, as ministras conversaram com os parlamentares e defenderam o texto do governo. Integra da nota:

Leia a íntegra da nota de esclarecimento:

“A aprovação da MP 571 (Código Florestal), ocorrida ontem (29), na Comissão Especial Mista do Congresso Nacional, não teve aval ou concordância do Governo Federal.

Durante toda a tramitação da matéria na Comissão, o governo, por meio da SRI, MMA, MAPA e MDA, sempre deixou claro que o ideal era manter a proposta original da MP 571.

A ministra chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Ideli Salvatti, e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, mantiveram conversas ao longo do dia de ontem com vários parlamentares da comissão, em especial o presidente e o relator da matéria, reafirmando a posição pela manutenção sem alteração do item 61 – A (escadinha).

Este item produz equilíbrio socioambiental ao determinar que todos precisam recuperar áreas de preservação, mas quem tem mais terras, deve recuperar mais.”

Fonte: O Globo

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Minas cresce em silêncio



Cana de açúcar e grãos


A produção de cana-de-açúcar de Minas Gerais destinada ao setor sucroalcooleiro deverá atingir 53,6 milhões de toneladas este ano. 

O crescimento será de 6,6% em relação à safra passada. Os números fazem parte da previsão divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento. 

De acordo com o levantamento, Minas mantém o segundo lugar nacional na produção de cana-de-açúcar, atrás de São Paulo.

Os números da Conab indicam que Minas Gerais deverá produzir este ano cerca de 3,7 milhões de toneladas de açúcar. 

O volume será 15,4% maior que o do ano passado. Já a produção de etanol deverá ter uma redução de 6,7% e registrar 1,9 bilhão de litros. 

“Os dados indicam a tendência de que as usinas estão preferindo investir na produção de açúcar por causa dos melhores preços em relação ao etanol”, explica o secretário de Agricultura de Minas Gerais, Elmiro Nascimento. 

Em Minas existem 43 usinas em funcionamento, a maioria com produção de açúcar e etanol. A região do Triângulo Mineiro conta com 23 usinas, seguida do Noroeste, com cinco.

Grãos batem recorde 

Assim como a safra de cana-de-açúcar, a produção de grãos em Minas Gerais também vai crescer. 

O estudo divulgado pela Conab indica que o Estado produzirá 12,1 milhões de toneladas, um recorde. 

Crescimento de 14% em relação ao ano passado. A colheita em Minas Gerais está praticamente encerrada. 

 O levantamento indica que o crescimento em Minas Gerais é o maior entre todos os Estados da região Sudeste e o quarto melhor de todo o país, atrás apenas dos Estados do Centro-Oeste. 

O desempenho mineiro também supera a média nacional, que deverá ter um aumento de apenas 1,9% e uma produção de 165,9 milhões de toneladas. 

 “A produção de Minas Gerais foi beneficiada pelo clima favorável nas principais regiões produtoras. O preço atraente de alguns grãos, na época do plantio, também incentivou os produtores a investirem nos tratos culturais e em tecnologia”, explica o secretário de Elmiro Nascimento.

O destaque da safra mineira em 2012 foi o milho, principal grão cultivado no Estado. O crescimento da produção em relação ao ano passado foi de 19,5%. A colheita de milho este ano será de 7,8 milhões de toneladas. Um recorde para a cultura. 

A soja também registrou bom desempenho, com um crescimento de 5% e uma produção de 3,1 milhões de toneladas. A safra de soja em Minas, em 2012, também será a maior já registrada no Estado. O crescimento mineiro contraria a tendência nacional. O país terá uma redução na safra de 11,8%. 


A safra de feijão também vai crescer este ano em Minas Gerais. Serão produzidas 644,2 mil toneladas. O aumento em relação ao ano passado é de 10,6%.

Portal do Agronegócio, Sexta-feira, 10 de agosto de 2012


Código Florestal: retomada das emendas




Votação de emendas à MP  


A comissão mista que analisa a Medida Provisória que altera o novo Código Florestal se reúne nesta terça-feira para dar continuidade à votação dos destaques apresentados ao parecer do relator da MP, senador Luiz Henrique (PMDB-SC).
A comissão já aprovou o texto-base do relator e ainda precisa analisar 38 destaques.
O texto-base do parecer estabelece, por exemplo, a obrigatoriedade de recuperação de 20 metros de mata ciliar nas médias propriedades, de 4 a 10 módulos fiscais
Os ruralistas queriam a redução dessa faixa para 15 metros, mas o relator concordou apenas que a porção recuperada não poderá ocupar mais do que 25% da propriedade.
No último dia 8, a comissão aprovou quatro alterações ao parecer: 
a que acaba com a necessidade de preservação permanente nos rios não perenes; a que suprime o conceito de área abandonada; 
a que retira a limitação para aplicação de pousio nas propriedades rurais; 
e a que acrescenta uma definição de crédito de carbono ao novo Código Florestal.
A votação foi interrompida no dia 9 por decisão do presidente da comissão mista, deputado Bohn Gass (PT-RS)
Segundo parlamentares da base governista, algumas emendas apresentadas pela Frente Parlamentar da Agropecuária preocupam o governo federal, que teme retrocesso nos acordos já firmados em torno do novo Código Florestal.
Depois da votação dos destaques na comissão, a MP 571 precisará ser votada nos plenários da Câmara e do Senado. A MP perde a validade em 8 de outubro.

domingo, 26 de agosto de 2012

A precária segurança alimentar





Momentos
Roberto Rodrigues

A fragilidade dos modelos de segurança alimentar implementados em todo o mundo ficou exposta pela dura seca que provocou uma quebra da safra norte americana de milho e soja, da ordem de 120 milhões de toneladas, equivalente à quase totalidade da safra brasileira destes dois produtos.

Internamente, o governo americano está às voltas com uma complicada questão: os setores que usam o milho para alimentação humana ou animal estão pressionando o governo para reduzir os incentivos à produção de etanol, que consome 40% da produção. Até a ONU, preocupada com o encarecimento dos alimentos, entrou nesta linha. 

Se o governo Obama aceitar as razões invocadas por estes setores, terá de importar combustível fóssil caro e poluente, com conseqüências negativas para toda a sociedade americana; se não aceitar, as carnes e lácteos ficarão mais caros, prejudicando os consumidores. 

Difícil dilema em um ano eleitoral muito disputado.

Por outro lado, os preços elevados de milho e soja estimulam produtores destes grãos no hemisfério Sul, que já se preparam para plantar grandes safras e aproveitar esta janela. 

Enquanto isso, os produtores de frango e suínos daqui, não conseguindo repassar seus aumentos de custos aos consumidores, reduzem a criação de pintos e leitões: lá na frente vai faltar. 

Estaremos, então, importando uma inflação sobre a qual não temos a menor responsabilidade, uma vez que produzimos o suficiente para nosso abastecimento e grandes sobras exportáveis.

Que lições tirar deste drama?

Em primeiro lugar, que a discussão sobre Segurança Alimentar é precária, porque centrada só em sua “perna” do abastecimento. Governos se preocupam com ela, porque é ela que dá votos: povo abastecido não cria problemas; mas se esquecem de que não há abastecimento sem a outra “perna”, a da produção. 

Esta nunca é olhada com a mesma atenção, sempre fica no ar a sensação de que “alguém” vai produzir o suficiente, e não é assim. Políticas públicas são necessárias para um setor tão sensível a um fator incontrolável como o clima.

Estoque de Segurança é outro tema delicado. Estoques deprimem preços, porque o mercado, sabendo de excedentes, não valoriza os produtos. Financiá-los é dever de governos e da governança global.

E finalmente, países como o nosso deveriam aproveitar este desastre e negociar um grande plano de longo prazo que nos permitisse avançar sobre os mercados com aumento de produção de carnes e etanol. 

Mas não apenas para aproveitar este ano de crise, e sim com um projeto estratégico que considerasse a sustentabilidade produtiva para mais de uma década.

Não parece que esta visão esteja presente entre nossos formuladores de políticas. Ao contrário. Em recente seminário no GVAgro sobre gestão territorial na agricultura brasileira, o pesquisador da Embrapa Evaristo Miranda afirmou: 

Nos últimos 15 anos, um número significativo de áreas foi destinado à proteção ambiental e ao uso territorial exclusivo de populações minoritárias. Parte dessas iniciativas foi feita sem o conhecimento de seu real alcance territorial. Hoje, as áreas protegidas abrangem 30% do Brasil. 

"E a área ambiental reivindica a proteção adicional de quase três milhões de km2. A demanda de novas terras indígenas é da ordem de 100 a150.000 km2. As demandas para atender toda a reforma agrária são da ordem de 2,3 milhões de km2. 

"Além disso, cerca de 5.000 comunidades quilombolas reivindicam aproximadamente 250.000 km2. Finalmente, a expansão agrícola nos próximos 20 anos também prevê a ocupação adicional de mais 100 a 150.000 km2.

"Sem discutir a legitimidade de nenhuma dessas demandas adicionais de terra, consideradas como excludentes, elas exigem cerca de 6 milhões de km2 e não cabem no Brasil. Ou serão amputadas de áreas agrícolas, como vem ocorrendo”.

Resolver estas questões faz parte de um programa amplo de avanço do nosso agro, e vivemos um momento muito oportuno para esta discussão.


Folha de São Paulo, 25/08/2012.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Quilombolas, a indústria que cresce


Brasil já possui 1.838 comunidades quilombolas certificadas








Por Redação Pantanal News/Governo Federal
Documento garante acesso a políticas públicas de transferência de renda e segurança alimentar

O País tem hoje 1.838 comunidades remanescentes de quilombos certificadas. 

O documento, emitido pela Fundação Cultural Palmares, garante às famílias quilombolas a regularização territorial junto ao INCRA. 

As comunidades certificadas têm acesso, por exemplo, às ações de transferência de renda e segurança alimentar, como a distribuição de alimentos que hoje contempla 114 mil pessoas, de 34,5 mil famílias quilombolas.

O processo de certificação é iniciado pelas próprias comunidades, que encaminham à Fundação os documentos sobre o quilombo: declaração de autodefinição de que são quilombolas, base territorial, dados da origem, número de famílias e certidões. 

Neste ano, 18 comunidades já foram certificadas e 17 estão em processo de análise. As áreas quilombolas que já conseguiram o documento até agosto deste ano estão no Rio Grande do Sul (5), Ceará (4), Sergipe (3), Pará (3), Minas Gerais (1), Maranhão (1) e Espírito Santo (1). Em processo de certificação estão comunidades de Minas Gerais (12), Ceará (3), Mato Grosso do Sul (1) e Pará (1).

Aonde querem chegar com essa 'indústria' falsos quilombos? 

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sábado, 18 de agosto de 2012

O adubo que vem do mar



Revista ISTOÉ


Larissa Veloso

Talvez esteja no fundo do mar o remédio contra a expansão do desmatamento para o plantio de cana-de-açúcar no Brasil. Uma das grandes queixas dos ambientalistas contra o crescimento do setor de etanol no Brasil é justamente a de que o produto não pode ser considerado ecológico se florestas são derrubadas para dar lugar a mais canaviais.

Mas uma pesquisa da Universidade Federal de Lavras (Ufla) pode elevar a produtividade das terras que já são cultivadas em até 50%, diminuindo a necessidade de novos desmatamentos. Engenheiros agrônomos descobriram que o granulado bioclástico, produzido a partir de algas calcárias, faz com que um hectare de plantação produza uma vez e meia mais açúcar e álcool (leia quadro).

O segredo está na riqueza de minerais presentes no material. Formado por até cinco mil anos de decomposição de matéria orgânica, a substância possui elementos importantes para o desenvolvimento das plantas, como cálcio e magnésio. “Podemos comparar essa camada de detritos de algas calcárias no fundo do mar ao solo de uma floresta. Lá os materiais orgânicos vão se depositando ao longo dos anos e formam uma camada fértil”, explica o engenheiro agrônomo e professor responsável pela pesquisa, Paulo César Melo.

O potencial do negócio é tão grande que já existem pelo menos cinco grupos de mineradoras interessados. Um deles, o TWB Mineração, afirma ter capacidade para extrair até sete milhões e meio de toneladas por ano. O produto ainda não é disponibilizado comercialmente, mas com a possibilidade de se criar minas no fundo do mar, a preservação ambiental é um dos pontos mais preocupantes.

“Antes de explorar essas regiões, é preciso fazer um mapeamento das áreas e um diagnóstico ambiental para determinar exatamente o quanto de vida temos ali, já que em áreas próximas à costa existem espécies que dependem exclusivamente das algas calcárias”, defende a pesquisadora do Ins­­­­tituto do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Márcia Abril de Oliveira Figueiredo, que estuda o assunto há 30 anos. 

Seja para impedir mais desmatamentos ou fazer o etanol brasileiro deslanchar, ao explorar novos recursos não podemos nos esquecer da regra número 1 do planeta: toda exploração tem seu preço.


quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Desgraça alheia e a agropecuária nacional





A seca nos EUA e suas consequências

Helio Brambilla

Ainda é cedo para avaliar o resultado da longa estiagem que assola as regiões produtoras de grãos nos Estados Unidos, já comparada por muitos como a pior desde a década de 1930. 

Com efeito, as previsões apontam para uma perda estimada de 100 a 120 milhões de toneladas de milho e 15 milhões de soja na safra atual. 

Se incluirmos nesse rol os outros grãos, como o trigo, a aveia e a cevada, a queda da produção norte-americana poderá atingir o equivalente a 80% de toda a produção congênere brasileira.

Caberá aos analistas acurados fazer o balanço do que tal desastre poderá representar, não apenas para os americanos, mas para a economia mundial. 

Contudo, já pressinto os ecologistas fanáticos gritarem: “Estão vendo? É o aquecimento global”. Lembro de passagem que praticamente todas as notícias alusivas à seca que castiga o grande país do norte referem-se a ela como sendo a maior desde os anos 50, ou mesmo dos anos 30. 

Ou seja, muito antes de se falar em “aquecimento global” já houve secas maiores ou iguais a esta, sobretudo se levarmos em conta que os espaços físicos ocupados pela população à época eram bem menores, uma vez que a população mundial duplicou de lá para cá.

Se por um lado os produtores rurais brasileiros, conhecedores de perto das adversidades da faina no campo, se entristecem com a tragédia dos colegas americanos, vendo-os diante de um revés dessa envergadura, por outro lado se alegram em decorrência das leis de mercado, porque os preços dos grãos atingem patamares altos. 

Nossa “safrinha” do milho – a safra de inverno foi uma das maiores da história – ultrapassou 35 milhões de toneladas, possibilitando ao Brasil ajudar os mexicanos, que além de utilizarem o milho para alimento humano, aproveitam-no também como ração para os animais confinados com que abastecem os EUA.
Num congresso recente da ABAG – Associação Brasileira do Agronegócio – em São Paulo, o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, citou a seca nos EUA como um sinal da fragilidade alimentar do mundo. 

Nos EUA o dilema está posto: se utilizarem o milho para a produção de etanol, automaticamente irão prejudicar outros setores de vital importância, como a avicultura, a suinocultura e a pecuária, diminuindo a oferta e inflacionando os preços. 

Se, pelo contrário, o aproveitarem para ração, eles terão de recorrer à importação de petróleo, o que acarretará igualmente a inflação.

A situação alimentar fica ainda mais agravada se levarmos em conta a perda de parte da safra de milho da Argentina e da Ucrânia, bem como a queda da produção de trigo na Rússia e na China. 

Tudo isso conduz os especialistas a uma estimativa de redução considerável dos estoques dos alimentos mundiais. Aliás, as consequências já podem ser sentidas entre nós brasileiros e no mundo, ou seja, o aumento nos preços dos cereais e de seus derivados. 
Nesse contexto, não há como escapar à dicotomia desgraça para alguns, prosperidade para outros.

Embora os recentes eventos do agronegócio venham ressaltando a missão histórica do Brasil como salvaguarda alimentícia do mundo, todos pedem a Deus um clima propício para que a safra de verão, que em breve começará a ser plantada, seja abundante, a fim de podermos galgar o patamar de primeiro produtor de soja do mundo e continuar a fazer jus ao título de primeiro exportador, concorrendo para aumentar substancialmente as receitas para nossa balança comercial.

Plinio Corrêa de Oliveira sempre defendeu a tese de que o Brasil tem por vocação ser grande produtor de alimentos, não apenas para atender às suas necessidades, mas para ajudar alimentar o mundo. Por isso ele foi um defensor intransigente do direito de propriedade, assegurado pela Lei Natural, pelos 10 Mandamentos da Lei de Deus, pelo Magistério da Igreja Católica e pela lei positiva do Estado brasileiro.

Consagrou ele vários livros contra a Reforma Agrária socialista e confiscatória, ainda quando esta era defendida por altas figuras de nosso clero e mesmo da CNBB. 

Tais livros foram difundidos largamente no Brasil, contrapondo-se àquela malfadada reforma cuja aplicação traria consequências trágicas, como ocorreu em todos os países onde ela foi implantada em nome de um igualitarismo sob a capa de democratização das terras.

A sabedoria presente nos ensinamentos bíblicos foi inspirada pelo próprio Deus para servir de parâmetro aos homens até o fim dos tempos. 

Traçando um paralelo com a maravilhosa história de José do Egito, lembro que Plinio Corrêa de Oliveira e todos os que lutaram e lutam contra a Reforma Agrária não querem de modo algum que “os agricultores brasileiros” sejam vendidos às hordas de mercenários vermelhos, sejam eles de Moscou, Havana ou Pequim.

No caso bíblico, a maldade dos irmãos de José, que detinham a governança da casa, levou-os a vendê-lo aos facínoras e mercenários, que o levaram para o Egito. 

Assim também a agropecuária brasileira. Apesar dos esforços em sentido contrário dos proprietários, ela foi em parte “vendida” pelos sucessivos governos para uma Reforma Agrária que desapropriou, matou e empobreceu inúmeros proprietários, transformando mais de 80 milhões de hectares de terras produtivas em verdadeiras favelas rurais.

Não contentes com essa façanha diabólica, os governantes continuaram sua sanha expropriatória concedendo 13% do território nacional a pouco mais de cinco mil índios. Em vez de trazê-los ao regaço benfazejo da civilização, querem mantê-los no estado selvagem, numa espécie de zoológico humano. 

Concomitantemente, querem que mais de 300.000 km² – correspondentes ao Estado de São Paulo – deixem de produzir para ser transformados em territórios quilombolas. 

Por fim, através Código Florestal como o deseja o governo petista, querem aplicar uma Reforma Agrária “verde” que subtrairá mais de 40 milhões de hectares da produção. Tudo isso no momento em que o Brasil e o mundo mais precisam de alimentos.

Enquanto isso, quais novos José do Egito, os nossos produtores rurais passam por tribunais e masmorras em decorrência de “crimes ambientais”; ou por pretensamente manter seus empregados em condição análoga à de escravo. 

Apesar de tudo, contra ventos e marés, eles ainda conseguem a proeza de concorrer para aliviar a fome que ameaça o mundo em decorrência da seca.

Desde 2003, enquanto o agronegócio vem salvando a balança comercial brasileira – cuja projeção ultrapassa 500 bilhões de dólares – em Brasília os “governantes” continuam favorecendo a política das “vacas magras” – ou, se o leitor quiser, das “vacas no brejo”. Eis alguns exemplos:

·        Greves dos agentes da Receita federal e dos fiscais da ANVISA (responsável pela sanidade vegetal e animal nos portos) vêm atrasando a carga de descargas dos navios. Só no Porto de Paranaguá – o maior porto graneleiro do mundo – há 130 navios parados, à espera de embarque e desembarque, que custam ao governo federal mais de 10 milhões de dólares de multa diária pelo não cumprimento dos contratos de transporte naval. No Porto de Santos, mais de 50 navios se encontram nas mesmas condições.
·        Uma excêntrica lei de descanso a cada quatro horas para os caminhoneiros tem provocado a paralisação de rodovias, dificultando ipso facto o abastecimento das grandes cidades e de nossas exportações. Tanto a greve dos caminhoneiros quanto a lentidão dos portos é responsável para que na região Centro-Oeste o milho da safrinha esteja sendo amontoado a céu aberto.
·        Em virtude de problemas sazonais de mercado e ao excesso de produção, milhões de toneladas de laranja não estão sendo colhidas em decorrência do baixo preço. Eis uma boa ocasião para que o governo – muitas vezes pressuroso em salvar Bancos – acrescente, em caráter emergencial, o suco de laranja saudável à merenda das crianças, desafogando o setor.
·    Com o fechamento do mercado russo às exportações brasileiras, os suinocultores estão falindo e abandonando a produção, o que poderá gerar brevemente falta de carne para consumo interno e exportação.
·        O arrocho sobre os produtores rurais com a mentira do “trabalho escravo”, sobretudo em Mato Grosso, fez com que eles passassem a fazer parte das listas negras do governo. Razões?

Uma das razões alegadas pelas “autoridades” foi falta de copos descartáveis para os empregados tomarem água – a cidade mais próxima fica a 50 km e não havia copos no mercado. Para se dessedentarem, eles passaram a tomar água em copos de alumínio ou de vidro. 

Noutra fazenda, os colchões só tinham 12 centímetros de espessura, quando o órgão federal manda que tenham pelo menos 15 centímetros. Acontece que muitos daqueles empregados têm o hábito de dormir em redes. 

Outro produtor rural foi multado e colocado na lista negra porque os funcionários tomavam a mesma água que os bois...

A propósito, uma pequena digressão. Encontrava-me numa grande fazenda de produção de leite em Umuarama, no Paraná, para um churrasco ao qual estavam presentes diversas autoridades e numeroso público. 

Além de outras bebidas, todos tomaram água. A mesma que as vacas bebiam, pela simples razão de que ela provém de poços artesianos com mais de 150 metros de profundidade e, portanto, superfiltradas pelas rochas porosas de arenito. 

Houve até elogios ao anfitrião pelo fato de proporcionar às suas vacas aquela água tão límpida que as pessoas tomam. No caso do Mato Grosso, os fiscais inverteram o binóculo e o proprietário foi acusado de dar água de vaca aos seus empregados!

Na ocasião em que o mundo mais precisa do nosso agricultor e este – o José da metáfora – está sendo cada vez mais cerceado, acontece o julgamento do escândalo financeiro que passou para a História com o nome de “Mensalão”. Será que os corruptos de Brasília – que lucraram sem produzir e que acham que lucro com produção é crime dos agricultores – serão trancafiados?

Para encerrar, como diz um refrão popular, só mesmo uma prece a Nossa Senhora Aparecida Rainha do Brasil.

Agricultura que se dane?




Rodrigo Rollemberg articula derrubada na MP do Código Florestal



Líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM) conta ao Poder Online que o Palácio do Planalto ainda aposta num acordo entre ruralistas e ambientalistas para a votação da medida provisória do Código Florestal.

Mas ressalta que se não houver acordo, o governo está muito sensível à proposta do senador Rodrigo Rollemberg. Rollemberg, que já foi dirigente de ONG, propõe uma aliança entre os ambientalistas e o governo para simplesmente derrubar a MP.

Caso a MP caia o setor rural ficará sem a consolidação de áreas agrícolas em APP, uma das maiores motivadoras da reforma do Código Florestal. Cairá também a dispensa de averbação de Reserva Legal nos cartórios, a temporalidade da lei e vários outros ganhos para o setor.

Se a MP cair o governo não poderá editar outra MP sobre o mesmo tema. A solução será fazer tramitar em regime de urgência um projeto de lei oriundo do Legislativo. Na melhor das hipóteses ficaremos sem regulamento por uns 5 anos.

Ministério Público e ecotalibãs do governo teriam tempo suficiente para devastar a agricultura brasileira, sobretudo os menores, exigindo a recuperação a destruição de terras agrícolas para o replantio de APPs.

Vê-se fácil o nível de responsabilidade do Senador Rodrigo Rollemberg com a agricultura nacional. A ideia de derrubar a MP encontra aliados em setor do governo ligados a ala mais radical do PT, que também não se importa com a agricultura brasileira, e, por incrível que pareça, também na ala radical dos ruralistas.

Muita gente fez carreira bravateando na guerra dos ecólatras contra os produtores rurais e não querem largar o osso.

Foto de Lindomar Cruz, da Agência Brasil.