terça-feira, 27 de junho de 2017

A esmola rara da verdade



A esmola rara da verdade

Péricles Capanema

“Tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver” (Mt 25; 35-36). Na mesma direção, poderíamos acrescentar: sedento da verdade, ouvi-a de ti.

Pode surpreender, mas o texto me tomou o espírito enquanto ouvia discurso aos cubanos do presidente Donald Trump, em Miami. Martelava verdades silenciadas na imprensa e há muito evitadas pelos Chefes de Estado e até por eclesiásticos. 

A patrulha as proíbe, a tirania do politicamente incorreto as sufoca na garganta de quase todos. Contudo, indispensáveis na atualidade, em especial para a América Latina. Recebi agradecido a esmola rara da verdade.

Vou ecoá-las, resumidamente em alguns trechos (a íntegra está na rede): 

“Os exilados e dissidentes hoje aqui testemunharam o comunismo destruir uma nação, como sempre acontece onde o comunismo é aplicado. Contudo não mais nos manteremos silenciosos diante da opressão comunista. No ano passado eu prometi ser uma voz a favor da liberdade do povo cubano. Os Estados Unidos divulgarão os crimes do regime castrista e apoiarão o povo cubano em sua luta pela liberdade. 

"Pois sabemos que é melhor para os Estados Unidos que haja liberdade em nosso hemisfério, seja em Cuba ou na Venezuela. Por quase seis décadas, o povo cubano sofreu debaixo do domínio comunista. Até hoje o povo cubano é dirigido pelas mesmas pessoas que mataram dezenas de milhares de seus próprios cidadãos, que tentaram disseminar sua ideologia fracassada e repressiva em nosso hemisfério. 

"O regime castrista enviou armas para a Coréia do Norte e provocou o caos na Venezuela. Ao mesmo tempo que prendia inocentes, acolheu assassinos de policiais, sequestradores e terroristas. Apoiou o tráfico de humanos, o trabalho forçado e a exploração no mundo inteiro. Esta é a verdade simples sobre o regime castrista. 

"Meu governo não esconderá tais fatos, não os desculpará, não os glamoralizará. Nunca será cego para eles. Vou cancelar imediatamente o acordo parcial feito pelo governo anterior. Anuncio agora uma nova política com Cuba. Procuraremos um acordo mais vantajoso para o povo cubano e para os Estados Unidos. 

"Não suspenderemos as sanções contra o regime cubano até que todos os prisioneiros políticos sejam libertados, haja liberdade de reunião e expressão, partidos políticos legalizados, eleições livres sob supervisão internacional e com data marcada. Quando Cuba estiver pronta para dar passos concretos nessa direção, nós também estaremos prontos, desejosos e capazes de oferecer um acordo muito melhor para os cubanos. Um acordo justo, um acordo que faça sentido. Respeitaremos a soberania cubana, mas nunca daremos as costas ao povo cubano”.

Não custa lembrar, quem discursava diante de uma colônia tantas vezes incompreendida e rejeitada era o Chefe de Estado da mais poderosa nação da Terra. Não eram apenas palavras bonitas, significavam e política de rumo novo, promissor. 

O acontecimento autorizava esperança de extirpação do câncer cubano, que infecciona a América desde finais da década de 50.

Ficou ainda mais escandaloso o apoio escancarado (rios de dinheiro do BNDES) e tantas vezes o silêncio de numerosos governos latino-americanos à ditadura sanguinária. Ficou ainda mais escandaloso o apoio que o castrismo sempre recebeu no Brasil da esquerda política e da esquerda eclesiástica. 

Reproduzo ignóbeis palavras de Lula: “o maior de todos os latino-americanos, comandante em chefe da revolução cubana, meu amigo e companheiro Fidel Castro”. 

Lembro escandalosas palavras de dom Paulo Evaristo Arns em carta a Fidel Castro: “O povo de seu País conseguiu resistir às agressões externas para erradicar a miséria. Hoje em dia Cuba pode sentir-se orgulhosa de ser exemplo de justiça social. A fé cristã descobre nas conquistas da Revolução um ensaio do Reino de Deus”.


Volto ao início. Tive fome, e destes-me de comer. Libertar Cuba do comunismo vai abrir o caminho para o aumento da produção, e para que o povo deixe décadas de privação e fome. 

Era estrangeiro, e hospedastes-me. Hoje o comunismo tornou Cuba estrangeira ao seu mais poderoso vizinho, estrangeira a tantas nações, irmãs por laços de sangue, civilização e religião. O fim do comunismo fará com que volte ao convívio normal nas Américas. 

Estive na prisão e foste me ver. Com a queda do castrismo, as prisões políticas se abrirão e os cubanos, hoje prisioneiros nas próprias casas, poderão livremente falar e influir nos destinos de Cuba. Uno-me às esperanças dos cubanos.



Nenhum comentário: