quinta-feira, 12 de junho de 2014

Mentira sobre mudanças climáticas


Premiê canadense acusa países de mentir 
AFP
09/06/2014

OTTAWA, 09 Jun 2014 (AFP) - Os primeiros-ministros do Canadá e da Austrália defenderam, nesta segunda-feira, que se priorize a economia sobre a luta contra as mudanças climáticas, e o primeiro chegou, inclusive, a acusar os países que defendem o contrário de mentir.

Apontados com frequência por não fazerem o suficiente na luta contra o aquecimento global, os dois países enfrentam uma pressão maior desde que o presidente americano, Barack Obama, anunciou na semana passada as primeiras leis para forçar a redução das emissões de dióxido de carbono nos Estados Unidos.

"Não é que não queiramos atacar as mudanças climáticas, mas queremos fazer isso de uma forma que proteja e aumente nossa capacidade de gerar emprego e crescimento, e não o contrário", declarou o canadense Stephen Harper em coletiva de imprensa conjunta com o colega australiano, Tony Abbott.

"E francamente, esta é a posição de todos os países do mundo. Nenhum país, independentemente do que diga, quer empreender ações sobre as mudanças climáticas que destruirão postos de trabalho e o crescimento", acrescentou.

"Nós somos apenas um pouco mais sinceros sobre isso, mas este é o enfoque que cada país busca", considerou Harper.

O primeiro-ministro australiano, que está em giro comercial pela América do Norte, admitiu que o aquecimento global é um "problema importante".

No entanto, disse, "não é o único, nem o mais grave que o mundo enfrenta".

"Temos que fazer razoavelmente tudo o que pudermos para reduzir as emissões e evitar o aquecimento, mas não deveríamos socavar a economia", insistiu.

Obama anunciou na segunda-feira passada novas leis para as emissões das usinas elétricas nos Estados Unidos, alimentadas principalmente com carvão, a fim de reduzir suas emissões de CO2 em 30% com relação aos níveis de 2005 antes de 2030.

O Canadá, que abandonou o Protocolo de Quioto em 2011, considerou as metas do tratado impossíveis de cumprir, ao exigir oficialmente a redução das emissões dos países aderentes em 17% antes de 2020 com base nas emissões de 2005.

O país não está nem perto de alcançar esse objetivo, sobretudo devido ao forte aumento de emissões da indústria petroleira na província de Alberta.


A Copa não é mais deles!



Da apoteose ao pesadelo





Inicia-se, neste dia 12 de junho, a Copa do Mundo. Realizada no Brasil – corriqueiramente designado país do futebol – a Copa deveria comportar, naturalmente, uma euforia contagiante.

Entretanto, os sentimentos são contraditórios entre os brasileiros. Junto a uma natural alegria e expectativa, a população parece ao mesmo tempo envolta por certa perplexidade, motivo pelo qual, até agora, não são muitas as bandeiras e as manifestações exteriores que habitualmente marcam o ambiente pré-Copa, tanto mais sendo esta realizada em território nacional.

Da apoteose ao pesadelo

Muito se tem dito e escrito a respeito desta Copa do Mundo e não é minha intenção debruçar-me aqui sobre temas já muito batidos, como, por exemplo, os inexplicáveis e faraônicos gastos envolvidos na preparação da mesma.

Gostaria apenas de fazer uma reflexão e tentar apontar o motivo pelo qual, para o PT – mais precisamente para Dilma e seu mentor, o ex-presidente Lula – a grande e anunciada apoteose da Copa se tornou um verdadeiro pesadelo.

Pesadelo, sim. Ou será por acaso que, neste momento, quem tenta de todos os modos convulsionar o ambiente da Copa do Mundo, com greves abusivas, com invasões de terrenos urbanos, com mobilizações de índios (reais ou fictícios), com queima de ônibus, são precisamente os “movimentos sociais”, os sindicatos e os grupelhos (estilo black blocs) incentivados e financiados pelo governo petista?

São eles que tentam mergulhar o País num clima de apreensão, de angústia e de incerteza, estragando a própria festa do futebol e denegrindo a imagem do Brasil no Exterior.

Recordar é viver

Ensina o velho provérbio português que “recordar é viver”. Permitam-me, pois, recordar algumas circunstâncias prévias à realização desta Copa.

Voltemos ao final de outubro do ano de 2007. Num clima de euforia, a imprensa anunciava aos quatro ventos: “a Copa do Mundo é nossa”! Todos os vinte membros do Comité Executivo da Fifa tinham votado a favor da candidatura do Brasil.

Ao anunciar a sede de 2014, Joseph Blatter salientara que o país que produziu os melhores jogadores do planeta teria o direito agora de sediar a Copa do Mundo.

Luís Inácio Lula da Silva, então Presidente, encabeçava a delegação brasileira presente na sede da Fifa, em Zurique. Após receber a taça da Copa do Mundo das mãos de Blatter, Lula afirmara, num tom de indisfarçável ufanismo, que o Brasil realizaria uma das maiores Copas de toda a história.

A euforia se espalhava e tudo parecia encaixar-se, como uma luva, no plano político de Lula.

Rumo ao terceiro mandato

Pela inoperância e condescendência de considerável parte da chamada oposição, Lula conseguira livrar-se do escândalo do Mensalão, e ser reeleito em 2006.

Estava, pois, no seu segundo mandato: a situação econômica era estável, devido, entre outras razões, a uma bonança externa, e a uma alta taxa de juros que atraía grandes fluxos de capitais especulativos; o dólar baixava, o risco Brasil caía.

De outro lado, o PT acentuava o aparelhamento do Estado e a política externa era cada vez mais submissa aos interesses ideológicos dos países bolivarianos, com a Venezuela de Chávez à cabeça.

Pouco tempo antes da escolha da Fifa, começavam os primeiros rumores e manobras políticas para um terceiro mandato de Lula, que abordei neste blog mais de uma vez. Havia até acenos petistas para uma reforma constitucional. A possibilidade do terceiro mandato acenava, a longo prazo, para uma vitaliciedade de Lula no poder, ao estilo de Hugo Chávez.

A Copa do Mundo estava, pois, calculada para ser um grande evento, de repercussão mundial, que consagrasse a permanência no poder do caudilho petista.

Tudo seria grandioso. Haveria investimentos em infra-estrutura, estádios faraônicos, o famoso trem-bala e até mesmo o jogo inaugural da Copa teria seu significado mais profundo nesta apoteose lulo-petista. A abertura da Copa do Mundo, no Itaquerão, fazia parte, a meu ver, do ufanismo que seria criado em torno da imagem de Lula, o “pai dos pobres”, o qual, segundo as lendas farta e generosamente divulgadas pela mídia internacional, resgatara milhões de excluídos das periferias, com seus programas sociais.

Percalços do lulo-petismo

Entretanto, os planos lulo-petistas desandaram. As tentativas do então presidente Lula de um terceiro mandato esbarraram na resistência ponderável de setores importantes da sociedade. E Lula teve de contentar-se com o “poste”, como ele mesmo chegou a designar a então candidata à presidência, Dilma Rousseff.

A postura da oposição, sempre sofrível e condescendente, viabilizou um terceiro mandato do PT. Muitos ingênuos ou mal-intencionados elogiavam a presidente eleita como “gerentona”, a mulher que faria uma devassa na corrupção, e que ao mesmo tempo – se me permitem o neologismo – desideologizaria a diplomacia, a política interna, econômica, etc.

Mas Lula continuava a dar as cartas. O projeto intervencionista e estatista foi-se configurando, cada vez mais. E os tiques bolivarianos, acentuando-se.

A Copa do Mundo, como grande espetáculo do lulo-petismo, começava a periclitar.

Manifestações de junho

As manifestações de junho do ano passado vieram mudar definitivamente o panorama político do País. Como tive oportunidade de expor, em palestra proferida em Fortaleza, o movimento que dera início às manifestações, dirigido por grupelhos de esquerda – como o Passe Livre – mancomunados com o governo, pretendia dar um golpe nas instituições e na Constituição, e instaurar a “democracia das ruas”. O próprio discurso da presidente, na época, e suas manobras políticas na tentativa de uma Constituinte específica para a reforma política, desvelavam essa intenção.

Mas o movimento inicial foi ultrapassado por um transbordar de mal estar – até então silencioso e difuso – que levou às ruas de todo o Brasil milhões de pessoas, num inequívoco sinal do desgaste do projeto político do PT, em amplas camadas da população.

Desde então, esse desgaste não fez senão aumentar e, a realização da Copa do Mundo se dá, precisamente, no momento em que o mesmo chega a seu auge.

A Presidente, em suas andanças pelo País, na campanha eleitoral antecipada, recebe vaias por toda a parte e de todo o tipo de público; o “Fora Dilma e leve o PT junto” se tornou recorrente.

Apesar de quererem ver a Seleção brasileira vitoriosa, muitos se sentem envergonhados por todas as manobras de baixa política e pela gastança a que a Copa deu azo; e outros chegam até a torcer contra, para que o governo petista seja prejudicado.

A Copa não é mais deles!

É por este motivo que a grande e anunciada apoteose da Copa do Mundo, em favor do lulo-petismo, se transformou num pesadelo. Lula que sonhara com aclamações pessoais e de seu projeto político, assistirá aos jogos em casa. Dilma Rousseff, que contava com a Copa do Mundo como passo para sua reeleição, receosa de uma vaia no Estádio na cerimônia de abertura, antecipou seu discurso, fazendo-o em cadeia nacional de rádio e televisão, tentando defender seu governo, com uma série de imprecisões e falsidades, logo desmascaradas pela mídia.

É por este motivo que a máquina lulo-petista põe sua tropa de choque (sindicatos, movimentos sociais, etc.) para tentar tumultuar o evento de todas as formas.

É por este motivo também que a Copa não é mais deles!



Fonte: Radar da Mídia

terça-feira, 10 de junho de 2014

Contra o agronegócio: má-fé pura!!!


Desconhecimento ou má-fé?


 No começo desta semana, em seminário promovido pela Folha, tive a oportunidade de ouvir, ao vivo, um dirigente de uma ONG ambiental que foi o segundo na hierarquia do Ministério do Meio Ambiente quando Marina Silva era ministra do governo Lula. Ele expôs sua visão –que é também a de seu grupo de fiéis– sobre os males do agronegócio para o nosso país.

Embora todas as pessoas livres para pensar reconheçam que o agronegócio é o maior feito da nossa economia nos últimos 50 anos, experimentei, por alguns segundos, a sensação de que a moderna agropecuária brasileira foi um erro.

Felizmente, essa sensação durou pouco. Quando ele passou a desenvolver seus argumentos, percebi logo o tamanho de seus equívocos e, mais uma vez, perguntei-me, sem ainda encontrar a resposta, por que essas pessoas nos repudiam tanto.

Da longa lista de acusações, só tenho espaço para contradizer algumas. A primeira delas é que a agricultura brasileira é a maior consumidora de agroquímicos do mundo. Dito assim, parece grave. Mas vamos aos fatos.

O Brasil é o terceiro maior produtor agrícola do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da China. Mas ocorre que a agricultura americana e grande parte da chinesa situam-se nas latitudes temperadas, e a nossa é a maior agricultura tropical do planeta.

Qualquer leigo percebe que, nos trópicos, o calor, a umidade e a menor diferenciação das estações são muito mais propícias aos insetos e aos diversos agentes patogênicos do que as zonas temperadas.

Assim, se quisermos produzir aqui, temos que conviver com pragas e doenças, combatendo-as com os agentes criados pela tecnologia e certificados pelos órgãos sanitários do mundo e do Brasil.

O caminho mais eficiente para a redução do uso de defensivos químicos é a utilização de sementes geneticamente modificadas que repelem os agentes patogênicos e dispensam os agroquímicos.

Mas o avanço da transgenia entre nós quase foi paralisado na gestão desse dirigente no Ministério do Meio Ambiente. Para ele, o único caminho parece ser não produzir e importar da Europa, matriz dessa espécie de ambientalismo.

A acusação seguinte é a de que a produção rural brasileira é responsável por 62% das emissões dos gases de efeito estufa em nosso país. (Lembrete: Segundo cientistas sérios, o CO2 não é poluição e nem causa aquecimento, mas é o gás da vida)

Se isso fosse verdade, a solução seria simples. Bastaria reconverter os campos de milho, soja, arroz e feijão, bem como as pastagens, novamente em cerrado ou mato. E, mais uma vez, importar alimentos do resto do mundo. Era o que fazíamos nas décadas de 1940 a 1970, e a experiência não foi boa.

Quanto às verdadeiras emissões, as provenientes do uso dominante de combustíveis fósseis em nossa matriz energética, nenhuma palavra. Todos os males vêm do agronegócio. Mas não é o que pensa o mundo atualmente.

O sumário para formulação de políticas públicas do IPCC –o painel científico intergovernamental da ONU sobre mudanças climáticas– diz com todas as letras que, no caminho para mitigação de longo prazo do aquecimento do clima, a alternativa mais eficaz é a descarbonização da energia ou a redução da intensidade de carbono em cada megawatt-hora gerado.

O relatório dos cientistas esclarece que 80% das emissões de gases-estufa provêm da produção de energia, tornando claro que as emissões derivadas da agricultura e da pecuária não têm relevância objetiva. E é nessa direção que vão caminhar os governos, inclusive o brasileiro.

Eu poderia me estender longamente, mas o espaço é breve. Para essas pessoas, tudo o que fazemos está errado. Dizem que usamos fertilizantes demais, esquecendo-se de que, se não adubamos nossos solos pobres do cerrado, não vamos produzir quase nada.

Usamos água demais, quando quase toda a nossa produção usa apenas a água das chuvas, pois apenas 8% da produção brasileira é irrigada com sistemas artificiais.

Isso tudo pode parecer uma mera discussão política. Mas é mais do que isso porque, durante um certo tempo, essas pessoas estiveram no poder. E provocaram todas as formas de insegurança jurídica e prejuízos à imagem da agropecuária brasileira.

Sen. Kátia Abreu (PSD-TO)
Folha de S. Paulo - 07/06/2014

sábado, 7 de junho de 2014

Ditadura antropológica e jovem dissidente (inteligente)


Edward Luz é a contramão da antropologia atual sobre indígenas no Brasil.


Em recente passagem pela Capital, o antropólogo veio ao estado a convite da Comissão de Assuntos Agrários da OAB-MS para apresentar suas reflexões sobre a questão indígena no âmbito dos conflitos rurais, tão urgentes em Mato Grosso do Sul


Edward Luz é 'persona non grata' da antropologia tradicional brasileira. Foto: Deivid Correia


Após um ano do episódio conflituoso de reintegração de posse da fazenda Buriti, em Sidrolândia, o impasse entre produtores rurais e indígenas tornou-se uma novela diante da incapacidade do Governo federal em lidar com a questão de forma igualitária para ambas as partes. 

De um lado, comunidades indígenas reivindicam o direito a terras ancestrais por meio da Funai. De outro, estão os produtores que veem suas terras invadidas e alegam que o processo atropelado trava o desenvolvimento do agronegócio na região, além de não receberem indenizações à altura do valor de seus investimentos.

No meio da disputa, estão os antropólogos que periciam e produzem laudos a despeito das demarcações dessas terras. Edward Luz, formado pela Universidade de Brasília, é atualmente a contramão das correntes que defendem a apropriação, superficialmente fundamentada, de terras por indígenas. 

Perseguido dentro do seu próprio campo de atuação, Luz oferece uma visão da engenharia social dessas comunidades sob novo ângulo e defende que interesses políticos e até internacionais estão por trás dessas ocupações. Veja a primeira parte da entrevista:

TopMídia News - Na visão antropológica da situação, a grande questão é como uma pessoa ou grupo pode se autodeclarar indígena diante de tanta miscigenação desde os longínquos anos de 1500? Ou seja, como e o que legitima a pessoa a ser indígena?

Edward Luz - A pergunta é simples, mas a resposta é complexa. Trata-se de um fenômeno que é a construção da identidade pessoal ou coletiva, é um fenômeno psicossocial - identidade é algo que você constrói para si mesmo, mas precisa do respaldo da sociedade que vai confirmar essa identidade.

Vamos falar do meu caso. Mantoanelli é meu sobrenome do meio, ou seja, sou descendente de italianos. O governo italiano juntamente com o brasileiro estabeleceu um pacto de reconhecimento da identidade italiana até a terceira geração, ou seja, se o meu avô tivesse nascido na Itália, eu teria a cidadania do país com todos os direitos que lhe apregoa.

Ora, se todas as pessoas que tenham sobrenome italiano podem requerer a cidadania, será que eu consigo alguma coisa nesse esquema? É possível entender que há benefícios em você ter o reconhecimento de outra nacionalidade. É aí que começa a complexidade da resposta. Você tem uma identidade psicossocial construída, mas também tem estímulos  - positivos ou negativos.

Em 1939, na época da Alemanha Nazista, se você fosse judeu, correria um sério risco de ser preso e enviado a campos de concentração e sofrer, obviamente, algum tipo de discriminação. Portanto, muitas pessoas deixavam de lado a identidade judia ou a escondiam de certa forma.



Para Edward Luz, a afirmação de uma identidade depende das vantagens e desvantagens de se fazê-lo. Campo de concentração judeu durante a Alemanha Nazista (Auschwitz - 1945). Foto: Alliance

A construção da identidade, portanto, varia de acordo com estímulos ou interesses - ou você foge da pena ou vai atrás do benefício. Essa é a hora em que tudo fica mais complicado. A meu ver, essa circunstância começa numa boa vontade.

A sociedade brasileira também é formada por indígenas. O Brasil ainda têm sociedades indígenas, como os ianomâmis, xavantes e outros grupos da Amazônia brasileira. No total, são 215, mas pelo menos 15 milhões de brasileiros ou até mais, sobretudo no Norte, no Nordeste e até aqui no Centro-Oeste fazem parte de uma população miscigenada. 

Essa população poderia construir para si uma identidade de mestiço, mas não o faz por quê? Há algum benefício em se dizer mestiço? Alguém ganha algum centavo? Mas e quando se autodeclara indígena? A situação muda bastante.

TopMídia News - Na prática, há vantagens em ser indígena no Brasil?

Edward Luz - O estado brasileiro concedeu alguns benefícios e reconheceu alguns direitos diferenciados, como à terra, educação especial e assistência exclusiva. Só que o caboco, que aqui é chamado de bugre, mas no Amazonas é conhecido por caboco -  que vem da palavra tupi kaabok (aquele que mora na mata) - é fruto da miscigenação, ele sabe que é miscigenado e não existe benefício especial a ele. Mas quando a pessoa se diz indígena, ela tem uma série de benefícios que despertam interesse.

Por isso diversas organizações, como ONGs nacionais e internacionais, existem para promover essa luta a fim de conseguir o reconhecimento do miscigenado como indígena e se aproveitam da situação. O próprio indivíduo muitas vezes descobre tais vantagens por si só. Para se ter uma ideia, já me perguntaram como é que faz para se tornar índio.

TopMídia News - Na esfera social, qual é a descrição correta da identidade indígena?

Edward Luz - Acompanhe o raciocínio: índio é um indivíduo que se reconhece e é reconhecido por uma comunidade que também se reconhece como indígena e que é reconhecida pela sociedade nacional não sendo uma comunidade indígena.

Vamos supor que eu queira dizer que sou zulu - uma comunidade africana. Os zulus vão olhar para mim e dizer “olha Edward, você não possui os pré-requisitos para ser considerado zulu. Além do mais, você não fala a língua zulu e não tem nenhum elemento da cultura zulu”. Então, a própria comunidade vai me dizer: você não é zulu.

Esse fato aconteceu recentemente no Brasil. Um grupo que se dizia pataxó - composto por afrodescendentes misturados com brancos e orientais - queria ser dizer parte da etnia e a própria comunidade disse que não se tratava de pataxó. Inventaram uma nova designação e recriaram um grupo tupinambá [dados como extintos desde o século XVII, mas tiveram o seu reconhecimento oficial pelo FUNAI, em maio de 2002] que foi aceito pelo Estado e não pela sociedade.

Nesse caso, o Estado contratou uma antropóloga portuguesa que fez estudos e diversas teses durante três anos para fundamentar uma demanda política que é o reconhecimento desse grupo como se fosse indígena, mas não é. 

Com qual autoridade eu digo isso? Digo isso porque eu avaliei o corpo social do grupo, pois parentes de primeiro, segundo e terceiro grau daqueles que se autodeclararam pataxó não reconheceram essa identidade. No caso, primos, tios e avós não eram e pataxós e como a pessoa então pode dizer que faz parte dessa comunidade no momento?

Eu luto para que o Estado Brasileiro reconheça o direito da sociedade envolvente naquela região e não o abusivo daqueles que querem se dizer indígenas não sendo.


TopMídia News - O Sr. diz que muitos desses laudos antropológicos se tratam de factoides?

Edward Luz - Exatamente e eu não os aceito, pois isso, a meu ver, é uma tentativa de manipulação da identidade étnica com vistas à obtenção de benefícios exclusivos de populações indígenas e isso perverte o processo e os direitos tradicionais que a sociedade reconheceu.







Conflito após reintegração de posse da fazenda Buriti em Sidrolândia completa um ano. Foto: Deivid Correia

O povo brasileiro já se posicionou e decidiu que não quer que o índio seja mais explorado. Queremos que ele se desenvolva e encontre seu próprio caminho para esse desenvolvimento.

Mas tem gente pegando carona no processo. Se achar indígena não é critério suficiente, ser reconhecido por uma comunidade que não é reconhecida por ser indígena também não é suficiente. Não dá para chegar e inventar nomes e criar aldeias - não adianta, se a minha comunidade ao redor não nos reconhece.

TopMídia News - O Sr. apresenta grande divergência de opinião da antropologia do mainstream (corrente atual mais forte). A que se deve isso?

Edward Luz - Sim e explico a razão disso. A crítica que estou fazendo agora bate de frente com a antropologia tradicional, pois está muito pautada e se fiando no valor do lado antropológico. Se o cara se diz indígena e os familiares dizem que ele é indígena, o antropólogo vem e assina o laudo - é indígena e fim de discussão.

A meu ver não, é preciso a chancela da comunidade indígena e da sociedade ao redor. Não a da sociedade distante, como acontece com os defensores do Rio de Janeiro e de São Paulo. 

Tem uma regra muito interessante sobre os indígenas no Brasil: quanto mais próxima a sociedade regional vive do indígena, maior é o sentimento de distanciamento daquela comunidade, ou seja, quanto mais distante é sociedade não indígena da indígena, maior é o amor, o interesse e o carinho. 

O carioca mesmo, defende de modo ferrenho, mas nunca morou com índios. Eu morei durante três anos e meio numa comunidade indígena e sei que é muito difícil, pois eu tentei ajudar cotidianamente e via os mesmos índios bebendo e caindo na praça todos os dias.

Contudo, há de se tomar um cuidado muito grande diante dessa questão, pois nem todo índio é alcoólatra e muitos querem se desenvolver dentro da sua comunidade, mas de fato existe uma grande armação política com respaldo da antropologia tradicional ou para fazer adquirir mais terras ou fazer um movimento político ganhar força indevidamente. Enquanto isso, o índio vive em condições complicadas à espera pelas terras prometidas.

Agronegócio não para de conquistar espaço


A tropa de elite das exportações avança lá fora
Érica Polo



Armazém de grãos em Santos: o agronegócio brasileiro exportou 100 bilhões de dólares em 2013 
O ano de 2013 não foi dos melhores para o comércio exterior brasileiro. As exportações somaram 242 bilhões de dólares, com queda de 0,2% em relação ao ano anterior, e o país fechou a balança comercial (diferença entre exportações e importações) com saldo de 2,6 bilhões de dólares, o superávit mais baixo desde 2000. 

Esse grupo de empresas representa apenas 1% das companhias brasileiras que rea­lizaram negócios com o exterior no ano passado, mas foi responsável por 54% das exportações do país. 

Os números da tropa de elite dos exportadores brasileiros poderiam ter sido melhores se não fosse o desempenho ruim da Petrobras. Com a queda na produção de petróleo, a estatal reduziu as vendas externas 27% no ano passado e se distanciou da mineradora Vale, a maior exportadora do país. 

Um destaque positivo foi o avanço das receitas das empresas de agronegócio, as principais responsáveis pelo superávit na balança comercial brasileira. Juntas, elas exportaram 100 bilhões de dólares, ou 41% do total obtido pelo país em 2013. A demanda chinesa, mais uma vez, foi o grande impulso. 

Os preços de produtos agrícolas, como a soja, oscilaram ao longo do ano, mas proporcionaram bons ganhos. “Apesar do recuo da cotação média na bolsa de Chicago, conseguimos aproveitar as janelas de oportunidade para fechar negócios a preços melhores”, diz Martus Tavares, vice-presidente de assuntos corporativos da Bunge Brasil, uma das maiores companhias do agronegócio. As exportações da Bunge cresceram 20%. 

Conquistar clientes lá fora é um trabalho de formiguinha para quem ainda está organizando a estrutura de vendas no exterior. Esse tem sido o maior desafio da mato-grossense Amaggi, que abriu o primeiro escritório na Europa em 2008, na Holanda. No ano seguinte, instalou um posto na Noruega e, em 2013, na Suíça. 

“Estamos formando uma equipe de profissionais familiarizados com a cultura dos mercados que queremos atingir”, diz Judiney Carvalho, diretor-geral da Amaggi Commodities, o braço comercial do grupo. O trabalho tem surtido efeito. 

Em cinco anos, a empresa avançou do 30º para o 11º lugar no ranking das maiores exportadoras. No ano passado, sua receita com exportações foi de 2,9 bilhões de dólares, 38% mais do que no ano anterior. “Até 2015, teremos um escritório na Ásia”, afirma Carvalho. 

Para o analista Bruno Lavieri, da consultoria Tendências, além de tudo, o esforço do governo para criar “campeãs nacionais” nos últimos anos deu um fôlego extra para algumas empresas ampliarem as exportações. “Houve muita concessão de crédito subsidiado”, diz Lavieri, sem citar nomes. 

Entre as que tiraram bom proveito dos empréstimos oficiais está a JBS. As vendas externas do frigorífico, oitavo maior exportador do país, cresceram 36%. O agronegócio brasileiro não para de conquistar espaço no exterior.



Valor, 7 de junho de 2014

sexta-feira, 6 de junho de 2014

MST continua investindo contra a propriedade alheia


Apre sai em defesa da Araupel contra invasões do MST

A empresa já sofreu três invasões, que

 resultaram numa perda de 50 mil hectares 

para a Reforma Agrária

Por: Painel Florestal - Assessoria

Após ter passado por três grandes invasões pelo MST, resultando em desapropriações para a Reforma Agrária que somaram mais de 50 mil hectares, mais uma vez a empresa enfrenta o fato, que pode comprometer, sobremaneira, o desenvolvimento da região e a preservação de uma área de 18 mil hectares de mata nativa conservada pela empresa, já que dos 33 mil hectares, somente 15 mil possuem floresta plantada.
A atual invasão pode significar um prejuízo para os cidadãos da região, já que a Araupel emprega diretamente 1.050 pessoas e gera aproximadamente outros 1.000 empregos indiretos. 
Foram quase R$ 31 milhões injetados na economia do município de Quedas do Iguaçu somente em salários, além dos investimentos constantes na planta fabril e da cadeia de fornecedores que movimenta na localidade.
Além de a entidade defender a livre iniciativa e o direito à propriedade, a associação apoia o trabalho de extrema relevância econômica, social e ambiental desenvolvido há 42 anos por esta empresa 100% nacional e uma das maiores dos setores de floresta plantada e beneficiamento de produtos de madeira.
A Apre, em nome de todos os seus associados, espera que os poderes públicos, responsáveis por manter a ordem e a lei, estejam conscientes da importância da iniciativa privada para o desenvolvimento deste país e do Estado do Paraná.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Soja: Brasil já lidera exportação



Brasil consolida liderança mundial na exportação de soja

Da Redação

Com uma estimativa de embarque de 48,5 milhões de toneladas de soja na safra 2013/2014, o Brasil deve consolidar a liderança mundial nas exportações da oleaginosa, ficando à frente dos Estados Unidos, com 43,2 milhões de toneladas


Com uma estimativa de embarque de 48,5 milhões de toneladas de soja na safra 2013/2014, o Brasil deve consolidar a liderança mundial nas exportações da oleaginosa, ficando à frente dos Estados Unidos, com 43,2 milhões de toneladas, de acordo com a Expedição Safra (um levantamento técnico-jornalístico da produção de grãos da América do Sul à América do Norte).

No último ciclo, após a quebra da safra norte-americana, o Brasil assumiu a posição. Contudo, após a estiagem que castigou as lavouras brasileiras neste começo de ano, havia indefinição se o país conseguiria manter o posto.

"Nos últimos dez anos, a produção nacional de soja cresceu 67%. Por outro lado, as exportações quase dobraram, tiveram aumento de 95%", explica o coordenador da Expedição Safra, Giovani Ferreira. Para ele, a tendência é que a participação brasileira no mercado internacional de grãos continue crescendo.

De acordo com os indicadores do projeto, para os próximos anos, o Brasil deve ultrapassar 50 milhões de toneladas nas exportações e superar 60 milhões de toneladas até 2020. Nesse mesmo horizonte, a previsão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) é que os embarques norte-americanos oscilem entre 44,6 e 48,7 milhões de toneladas da oleaginosa.

A Expedição percorreu, nesta safra, mais de 60 mil quilômetros em 14 estados brasileiros, nos EUA, Argentina, Paraguai e Uruguai. Em seguida, as equipes do projeto visitam os portos do Arco Norte do Brasil, para discussões e reportagens sobre logística e infraestrutura, e irão até a África, em um roteiro especial que investigará potencial e demanda do continente africano.

Com Agências

DCI, 4 de junho de 2014

Matemática cruel...


...na construção de pontes

Há algum tempo, na China foi inaugurada uma ponte na baía de Jiadhou. Construída em 4 anos, a ponte tem 42 Km de extensão e custou R$2,4 bilhões. 


Pouco depois dessa inauguração, o DNIT escolheu o projeto da nova ponte do Rio Guaíba, em Porto Alegre, uma das mais vistosas promessas da então candidata Dilma. Confiado ao Ministério dos Transportes, a ponte ficaria pronta em 4 anos. Com 2,9 Km de extensão, engoliria 1,16 bilhões...

Intrigado, o matemático gaúcho Gilberto Flach resolveu estabelecer algumas comparações entre a ponte daqui e a ponte chinesa. O jornal Zero Hora publicou o espantoso confronto numérico resumido abaixo:



Lula ousará ir ao estádio durante a Copa?


Oito ou oitenta

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  • Dora Kramer
  • Dora Kramer
    A pesquisa do instituto americano Pew Research Center traduz em números e ajuda a organizar um pouco o raciocínio sobre os humores da sociedade brasileira que passou da euforia algo míope - para não dizer abobalhada - para um estado de mau humor à deriva.
    É sempre salutar o despertar de consciências, mas, como aponta a responsável pela pesquisa, Juliana Horowitz, chama atenção a mudança tão radical. Segundo ela, nos 82 países pesquisados desde 2010, oscilações semelhantes só foram observadas naqueles abatidos por graves crises ou rupturas institucionais.
    "Antes" (dos protestos de junho de 2013 ou do quê?) não havia nada de errado, estava tudo na mais santa paz; agora o clima é de véspera de fim do mundo.
    Ainda que pipocassem escândalos de corrupção por todos os lados e que a cúpula do partido do governo estivesse denunciada e prestes a ser julgada por comprar maioria no Congresso, este mesmo governo foi reeleito e ainda ganhou o direito a mais um período dando ao então presidente o cheque em branco pedido por ele para a eleição da sucessora.
    Os números sobre o desempenho do governo são de impressionar: 86% desaprovam o combate à corrupção, 85% estão insatisfeitos com a situação de insegurança pública, 85% repudiam o serviço de saúde, 76% desaprovam o sistema de transportes, 71% não concordam com a política externa, 71% acham ruim a educação, 67% estão contra as preparações para a Copa do Mundo, 65% revoltam-se com a pobreza e 63% estão em desacordo com a situação da economia.
    Justamente a economia, o item apontado como o grande vilão da insatisfação, o fator ao qual se atribuiu o agrado ou desagrado em relação a um governo, é o que tem o índice menos alto. No entanto, é o setor que mais se deteriorou. Os outros já vinham devidamente degradados. Mesmo no tempo da euforia com o consumo desenfreado, do Brasil que dava lições aos Estados Unidos e à União Europeia, do ilusionismo dos sucessivos PACs cujas obras atrasadas ou não iniciadas não serviram de sinais de alerta para a incapacidade objetiva de fazer acontecer de maneira decente uma Copa e uma Olimpíada.
    Era evidente que a farra não duraria para sempre. A situação externa não explica tudo, porque países em desenvolvimento como o Brasil saíram-se muito melhor nesse período porque fizeram outras escolhas. As ações aqui foram todas referidas no imediatismo da conquista da unanimidade com fins da obtenção de hegemonia política, social e cultural.
    Para ganhar eleições, vende-se otimismo. Mas, para que o poder perdure é preciso entregar o prometido e, da maneira como as coisas foram conduzidas desde o início, era evidente que a conta chegaria.
    Não viu quem não quis ou quem achou que a bonança é eterna e não tem preço. Um palpite para o motivo da irritabilidade à deriva? A retirada do palco de Lula como exímio animador de plateias. Levou a maioria na conversa até quando era evidente o vazio, quando não a enganação, da conversa. Saiu de cena o ilusionismo e o País se viu no convívio diário com a realidade.
    E o produtor daquela euforia extrema, o homem das metáforas futebolísticas, o líder das massas, a alegria do povo, o presidente que trouxe a Copa para o Brasil onde estará nos jogos do Mundial, inclusive na abertura no estádio de seu Corinthians do coração? Segundo ele, em casa, vendo tudo pela televisão.
    A fim de não correr o risco de ser alvo do mau humor à deriva nos estádios aonde o brasileiro "vai a pé, descalço e de jumento".
    Emaranhado. Gente do mercado financeiro tem ouvido nos escalões da administração federal que se a oposição ganhar a eleição presidencial vai levar no mínimo seis meses para começar a compreender os números do governo, tal a sorte de atalhos e a exuberância da criatividade na condução da área econômica.