terça-feira, 10 de junho de 2014

Contra o agronegócio: má-fé pura!!!


Desconhecimento ou má-fé?


 No começo desta semana, em seminário promovido pela Folha, tive a oportunidade de ouvir, ao vivo, um dirigente de uma ONG ambiental que foi o segundo na hierarquia do Ministério do Meio Ambiente quando Marina Silva era ministra do governo Lula. Ele expôs sua visão –que é também a de seu grupo de fiéis– sobre os males do agronegócio para o nosso país.

Embora todas as pessoas livres para pensar reconheçam que o agronegócio é o maior feito da nossa economia nos últimos 50 anos, experimentei, por alguns segundos, a sensação de que a moderna agropecuária brasileira foi um erro.

Felizmente, essa sensação durou pouco. Quando ele passou a desenvolver seus argumentos, percebi logo o tamanho de seus equívocos e, mais uma vez, perguntei-me, sem ainda encontrar a resposta, por que essas pessoas nos repudiam tanto.

Da longa lista de acusações, só tenho espaço para contradizer algumas. A primeira delas é que a agricultura brasileira é a maior consumidora de agroquímicos do mundo. Dito assim, parece grave. Mas vamos aos fatos.

O Brasil é o terceiro maior produtor agrícola do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da China. Mas ocorre que a agricultura americana e grande parte da chinesa situam-se nas latitudes temperadas, e a nossa é a maior agricultura tropical do planeta.

Qualquer leigo percebe que, nos trópicos, o calor, a umidade e a menor diferenciação das estações são muito mais propícias aos insetos e aos diversos agentes patogênicos do que as zonas temperadas.

Assim, se quisermos produzir aqui, temos que conviver com pragas e doenças, combatendo-as com os agentes criados pela tecnologia e certificados pelos órgãos sanitários do mundo e do Brasil.

O caminho mais eficiente para a redução do uso de defensivos químicos é a utilização de sementes geneticamente modificadas que repelem os agentes patogênicos e dispensam os agroquímicos.

Mas o avanço da transgenia entre nós quase foi paralisado na gestão desse dirigente no Ministério do Meio Ambiente. Para ele, o único caminho parece ser não produzir e importar da Europa, matriz dessa espécie de ambientalismo.

A acusação seguinte é a de que a produção rural brasileira é responsável por 62% das emissões dos gases de efeito estufa em nosso país. (Lembrete: Segundo cientistas sérios, o CO2 não é poluição e nem causa aquecimento, mas é o gás da vida)

Se isso fosse verdade, a solução seria simples. Bastaria reconverter os campos de milho, soja, arroz e feijão, bem como as pastagens, novamente em cerrado ou mato. E, mais uma vez, importar alimentos do resto do mundo. Era o que fazíamos nas décadas de 1940 a 1970, e a experiência não foi boa.

Quanto às verdadeiras emissões, as provenientes do uso dominante de combustíveis fósseis em nossa matriz energética, nenhuma palavra. Todos os males vêm do agronegócio. Mas não é o que pensa o mundo atualmente.

O sumário para formulação de políticas públicas do IPCC –o painel científico intergovernamental da ONU sobre mudanças climáticas– diz com todas as letras que, no caminho para mitigação de longo prazo do aquecimento do clima, a alternativa mais eficaz é a descarbonização da energia ou a redução da intensidade de carbono em cada megawatt-hora gerado.

O relatório dos cientistas esclarece que 80% das emissões de gases-estufa provêm da produção de energia, tornando claro que as emissões derivadas da agricultura e da pecuária não têm relevância objetiva. E é nessa direção que vão caminhar os governos, inclusive o brasileiro.

Eu poderia me estender longamente, mas o espaço é breve. Para essas pessoas, tudo o que fazemos está errado. Dizem que usamos fertilizantes demais, esquecendo-se de que, se não adubamos nossos solos pobres do cerrado, não vamos produzir quase nada.

Usamos água demais, quando quase toda a nossa produção usa apenas a água das chuvas, pois apenas 8% da produção brasileira é irrigada com sistemas artificiais.

Isso tudo pode parecer uma mera discussão política. Mas é mais do que isso porque, durante um certo tempo, essas pessoas estiveram no poder. E provocaram todas as formas de insegurança jurídica e prejuízos à imagem da agropecuária brasileira.

Sen. Kátia Abreu (PSD-TO)
Folha de S. Paulo - 07/06/2014

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