terça-feira, 24 de abril de 2012

Brasil corre o risco de parar se Dilma...



... vetar aprovação do Código

Em entrevista ao Correio Braziliense de hoje, o relator do Código Florestal a ser votado hoje, Paulo Piau (PMDB-MG) afirma que “não lhe parece algo inteligente uma regrinha de Brasília valer para seis biomas diferentes”.

O relator rejeita a ideia da anistia aos desmatadores. Se houver punição a agricultores que derrubaram árvores até o início dos anos 1990, o governo também terá de ser punido por não ter cumprido as regras ambientais por décadas.

Quanto à possibilidade de veto por parte da Presidente, Piau considera uma saída no mínimo arriscada. “Se a presidente simplesmente vetar sem oferecer um instrumento legislativo novo, ela para com o Brasil”.

Algumas afirmações do relator:

"Não se pode imputar esses equívocos a quem abriu seu terreno quando não havia lei. É nesse erro que as pessoas incorrem ao falar em anistia. Não há anistia".

"O veto presidencial pode representar um desastre sem um novo instrumento legislativo".


“Desde que o Brasil foi descoberto, em 1500, até 2012, ele vem sofrendo um processo de interiorização. E as plantações foram sendo feitas nas beiras dos rios, nos cursos d’água. Não tinha lei impedindo o cultivo nas margens”.

“Em 1965, começou uma exigência de uma faixa de 5 metros ao longo dos rios, mas o próprio governo deixou de cumprir sua função. Em 1986, essa faixa passou para 30 metros. Em 1989, a faixa máxima de 100 metros passou para 500 metros, a legislação foi endurecendo”.

“Na década de 1970, houve o estímulo do governo à drenagem de várzeas, que já eram APPs. Veio o estímulo ao plantio de café nos morros. Houve um acúmulo de erros ao longo dos anos, mas não se pode imputar esses equívocos a quem abriu seu terreno mesmo quando não havia lei. É nesse erro que as pessoas incorrem ao falar em anistia. Não há anistia”.

“Grande parte dos territórios no Sul e no Sudeste estão sendo ocupados há séculos. O cerrado brasileiro foi ocupado na década de 1970. O Brasil do Centro-Oeste, do Sudeste e do Sul foi aberto antes das regras vigentes hoje”.

Ao responder à pergunta se o relatório agradou aos ruralistas, Piau asseverou ser um  “relatório ambientalista”.


“Você precisa de licença na beira dos lagos, dos rios, não desmata mais com declividade acima de 25 graus. Isso tudo está sendo contido, não pode converter mais áreas a partir dessa inclinação. O projeto cuida do meio ambiente com uma profundidade muito grande e coloca limites ao desmatamento que nenhum outro país tem”.

“No caso de veto, a presidente vai precisar fazer um projeto posterior que teria de tramitar novamente pela Casa. Se ela simplesmente vetar sem oferecer um instrumento legislativo novo, ela para com o Brasil”.


“São praticamente 80 milhões de hectares que saem do setor produtivo, quase um terço da área produtiva do país, e quase 2 milhões de famílias expulsas do campo se não houver esse instrumento”.

“O veto pode representar um desastre sem um novo instrumento legislativo”.

Fonte:  Correio Braziliense, 24/04/2012.KARLA CORREIA

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