sexta-feira, 4 de setembro de 2009

E o nosso cafezinho? Até quando?

x
Venezuela de Chávez sem café
x
x
Don Luis Paparoni, 90 anos, foi grande produtor de café. Ele pergunta: "Você está vendo essas montanhas?", apontando para o vale que cerca Santa Cruz de Mora, cidade na base dos Andes venezuelanos. "Antigamente elas eram cobertas de pés de café. Agora é difícil encontrar algum".
x
A Venezuela era um dos principais exportadores mundiais de café no início do século 20. Mas, no mês passado, pela primeira vez na história, o país foi obrigado a recorrer à importação de café do Brasil.

x
"Quando eu era jovem, não havia uma única casa nesta cidade que não estivesse ligada de alguma forma ao café. Ele era o centro da nossa cultura", afirma Paparoni.
x
Os fazendeiros responsabilizam a intervenção do Chávez pelos problemas enfrentados pelo setor.
x
Racionamentos do produto fizeram com que no mês passado Chávez nacionalizasse as duas maiores torrefadoras do país. Ele disse que a escassez deve-se aos produtores que estocam, especulam e fazem contrabando.
x
"Já suportamos o suficiente! Temos que fazer o mesmo com todas as companhias que comportarem-se dessa maneira", vociferou o líder socialista. "Continuaremos a nacionalizar os monopólios para transformá-los em negócios produtivos nas mãos dos trabalhadores, do povo e da revolução".
x
Mas os analistas dizem que vários dos problemas enfrentados pelo setor cafeeiro - e pelo setor privado em geral - são causados precisamente por este tipo de intervenção governamental.
x
Tais expropriações, bem como uma agressiva campanha de reforma agrária, geraram um clima de incerteza que reduziu os investimentos.
x
Os controles de preço agravaram a situação. Quantidades cada vez maiores de café - e de vários outros produtos - são contrabandeadas para o exterior para que sejam vendidas a preços internacionais. "
xx
É claro que existe contrabando. O que Chávez espera quando é possível vender café na Colômbia pelo dobro ou o triplo do preço?", diz um cafeicultor, que pediu que o seu nome não fosse divulgado.
x
Marcelina Chacón, produtora de café, afirma: "Atualmente tudo o que sou capaz de conseguir é o auxílio da minha família. Um número muito grande de trabalhadores vive dos programas sociais do governo. Eles não querem saber de trabalhar".
x
As importações de alimentos quadruplicaram nos últimos dez anos, saltando de US$ 60 (42 euros, 37 libras esterlinas, R$ 113) para mais de US$ 250 (R$ 471) por pessoa por ano, diz Hiram Gaviria, ex-ministro da Agricultura.
x
As importações cobrem dois terços do consumo em um país que conta com vastas áreas de terras férteis e não utilizadas. A Venezuela, que no passado competia com a Colômbia neste setor, atualmente produz menos de 1% do café mundial.
x
Há quem tema que a produção de café caia para menos de 45 mil toneladas neste ano, bem abaixo do necessário para satisfazer o consumo nacional de cerca de 70 mil toneladas.
x
Paparoni substituiu a maior parte das suas plantações de café por pastagens, e continuou a cultivar uns poucos cafeeiros apenas para "preservar a tradição". "Isso me entristece até o cerne da minha alma", diz ele.
x
Fonte: UOL (Benedict Mander)
x

Nenhum comentário: