segunda-feira, 6 de abril de 2009

Bispo, comunismo, Reforma Agrária...

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... "e os pobres que se danem!"
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Ao apresentar os principais pontos da entrevista de Dom Tomás Balduíno ao Correio Braziliense sobre Reforma Agrária, este Blog transcreve o pensamento de dois corifeus do comunismo sobre o mesmo tema.
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Caberá ao leitor tirar suas conclusões... xxx
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Fontes comunistas:
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1) Liou-Chao-Tchi, secretário geral do Partido Comunista Chinês no Informe de 14 de julho de 1950: "A Reforma Agrária é uma luta sistemática e feroz contra o feudalismo (...) seu objetivo não é dar terras aos caponeses pobres, nem o aliviar de sua miséria: esse é um ideal de filantropos, não de marxistas..."
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2) Che Guevara, Cfr. Oeuvre I -Textes Militaires - Maspero, Paris, 1976, 52,53: "A base das reivindicações sociais que o guerrilheiro deve levantar será a mudança da estrutura da propriedade agrária... a luta deve se desenvolver pois continuamente sob a bandeira da Reforma Agrária".
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Entrevista:
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Correio Braziliense: – Por que a CPT defende um novo estágio no programa de Reforma Agrária do governo?
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Dom Tomás Balduíno – A Reforma Agrária não é aquela que divide o chão, mas a que inclui o posicionamento das quebradeiras de coco, dos seringueiros, dos ribeirinhos, dos quilombolas e até dos indígenas. Outro objetivo é preservar o bioma amazônico e todos os biomas do país que estão ameaçados pelo agronegócio. O atlas deste país revela que onde houve devastação é onde se implantou o agronegócio. As áreas indígenas, camponesas e quilombolas são as mais preservadas.
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Ao invés de estimular com subsídios, com grandes verbas o agronegócio, o governo deveria apoiar e defender as organizações populares na linha da convivência com a terra. Sobretudo com o bioma amazônico, que é o responsável pelo equilíbrio planetário, pela própria estabilidade do planeta em termos climáticos.
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CB – Para onde a Reforma Agrária deveria caminhar?
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DTB – Nós estamos superando cada vez mais a idéia burocrática de uma Reforma Agrária que divide em quinhões a terra. Não é isso que é o conceito amplo de Reforma Agrária. Defendemos um novo estágio nesse processo.
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O consenso é na linha da soberania territorial e alimentar. Até uma Reforma Agrária na base da concessão territorial, em vez de cessão ou venda da terra — o que faria continuar o mesmo modelo de dividir o solo por famílias e depois pulverizar pelos herdeiros, o que pode fortalecer de novo o latifúndio.
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CB – O modelo é diferente em quê?
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DTB – Já houve tentativa de se consolidar e se estruturar esse novo modelo. Mas há muita resistência das bases populares. O pessoal quer o próprio chão. Mas acho que os exemplos dos povos tradicionais são os que mais realizaram a melhor convivência com a mãe terra, que são os indígenas, os negros, os quilombolas. Não é propriedade do negro fulano ou do cacique tal ou qual, mas a terra indígena e quilombola.
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É isso que está influindo no novo conceito ampliado de Reforma Agrária. Não tem ainda uma cartilha ou um livro destrinchando esses conceitos que estou falando porque ele está em formação.
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CB – Ele se parece com o modelo que a irmã Dorothy Stang tentava implantar no Pará?
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DTB - Está nessa linha. Mas, sobretudo, na linha que inspira os movimentos ambientalistas que reformam o modo de ser camponês, e o que prevalece nas defesas de movimentos como o Via Campesina e outros movimentos camponeses em nível internacional.
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CB – Há uma crítica muito forte à Reforma Agrária, dizendo que não há qualidade de produção nos assentamentos. Existe incompatibilidade entre a concessão coletiva e a produtividade?
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DTB - Não se pode dizer isso, porque não há esse modelo ainda implantado. O que há são as reservas indígenas que não visam produção. O objetivo do modelo de reforma agrária não é o lucro, não é o capital, apesar de não excluir a produção. Vemos muitas vezes que a produção coletivista é melhor que a capitalista quando tem todos os recursos necessários para isso.
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A fábrica [?!] de leite do MST nada deve a qualquer organização capitalista. De certa maneira, tem melhor qualidade. Nós queremos, em primeiro lugar, a dignidade dessas populações assentadas. A estatística [com ela se pode fazer qualquer sofisma] mostra que quem alimenta a mesa do brasileiro é o pequeno produtor [mas não o assentado da Reforma Agrária].
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Fonte: Correio Braziliense - 03/04/2009

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